“Uma matryoshka não é simplesmente um brinquedo, mas uma expressão da visão de mundo e artística do artesão que a pintou.”- acrescenta Nina Shabálova, especialista em arte folclórica da Fundação do Artesanato da Federação Russa.
A Rússia tem grande tradição em diversos tipos de artesanato, dos quais se destaca a matrioshka, o brinquedo tradicional mais conhecido da Rússia que tornou-se um verdadeiro ícone nacional, souvenir obrigatório na bagagem de todos que visitam o país.
Uma matrioshka, matriochka ou matrioska (em russo матрёшка ou матрешка) ou boneca russa é constituída por uma série de bonecas feitas normalmente de madeira – normalmente de tília –, que são colocadas umas dentro das outras, da maior (exterior) até a menor (a única que não é oca). A palavra provém do diminutivo do nome próprio Matryona.
O número de figuras que se conseguem encaixar é numa seqüência variável, sendo cinco o número mais comum e tradicional, a trinta ou mais um número impressionante de peças. A sua forma é simples, mais ou menos cilíndrica e arredondada e mais estreita na parte superior, onde se situa a cabeça da boneca. Não têm mãos (a não ser as que são pintadas nas suas superfícies). Nas mais refinadas, a menorzinha mede em geral entre dois e três milímetros, e a maior chega a quarenta centímetros. Todas são pintadas a mão, sendo as de melhor qualidade sempre assinadas pela autora.
Outra característica que diferencia as diversas peças são as figuras que encarnam: desde figuras femininas vestidas com trajes tradicionais campesinos, a personagens de contos de fadas, até aos antigos líderes da União Soviética. Normalmente, a figura representada é uma senhora, havendo outros bonecos que representam políticos e figuras conhecidas do público russo.
A versão feminina é designada, por exemplo, na Sérvia, como бабушка (babuchka), que significa "avozinha", enquanto a versão masculina é designada como дедушка (dyeduchka), "avozinho".
A respeito da sua origem existem muitas versões. Uma delas é que um senhor que esculpia e vendia bonecas uma vez fez uma boneca tão bonita que não quis vendê-la, levou para a sua casa e colocou no seu criado mudo e deu o nome a ela de Matrioshka. Todas as noites antes de dormir, perguntava a Matrioshka se estava feliz. Até que em certa noite Matrioshka pediu um bebê. Então o senhor esculpiu uma boneca menor chamada Trioshka, serrou a Matrioshka e colocou o bebê dentro dela. Mas logo na noite seguinte, a Trioshka também pediu um bebê. E lá se foi o senhor e fez uma boneca e colocou dentro da Trioshka, desta vez a bebê se chamava Oshka. Assim seguindo o caminho das outras, na noites seguinte Oshka pediu um bebê e lá se foi novamente o senhor fazer mais um bebê. Só que desta vez pensando que isso não iria acabar mais, o senhor fez o bebê e desenhou rapidamente um bigode nele e o chamou de Ka, garantindo que seria homem e não iria pedir um bebê novamente.
Apesar de seu papel de destaque no riquíssimo artesanato em madeira da Rússia e de algumas versões do brinquedo já serem conhecidas no país desde o século XVII. Ela foi apresentada ao mundo com grande sucesso no pavilhão do Império Russo na exposição internacional de 1900 em Paris, desde então a matryoshka vem ocupando legiões de artesãos ao longo de sua movimentada história.
Entre as escolas mais tradicionais, não é Moscou, e sim a cidade de Sérguiev Possad, a 70 km da capital, a líder absoluta na produção de matryoshkas. Desde que o santo ortodoxo Sérgio de Rádonezh, fundador do mosteiro em torno do qual a cidade se desenvolveu e do qual tirou seu nome, começou a fabricar brinquedos de madeira no século XIV, Sérguiev Possad é conhecida como a capital dos brinquedos na Rússia.
Entre outros centros produtores estão às cidades de Semyônov, Merinovo, Polkhov Maydan e Vyatka, cada uma delas com sua peculiaridade.
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